Wednesday, July 23, 2008

Há alturas na vida, ou do dia (ou à noite, antes de ir dormir, quando o silêncio já se impôs sobre a madrugada - como neste momento) em que começamos a pensar. A pensar sobre a vida. A vida que levamos, sobre a que temos e a que queremos. Até sobre a vida que tivemos, o que fomos, somos, vamos e queremos ser. Pensamos nos amigos. Nos amigos que temos. Aqueles amigos que te telefonam para contar uma piada parva. Nos amigos que se zangam contigo. Que se zangam para te chamar à razão. Nesses amigos que sabes, de coração, que são para a vida. E pensamos nos amigos que foram. Naqueles amigos que víamos de outra forma há tempos atrás. Pensamos naquilo que ganhamos, e naquilo que perdemos, deles e com eles. Ficas tristes porque os reencontras e sabes, de coração, que pouco ou nada resta. E duvidas, questionas se realmente o que havia era de verdade. Se o que existia foi ou não verdade. Porque parecia. Eram também amigos que se riam contigo, que te davam abraços, que te telefonavam e vinham logo a correr sempre que estivesses mal, ou menos mal. Mas não importava. Não era preciso nenhum requisito, não era preciso preencher nenhum padrão, nenhum nada. Apenas estarem, serem, era suficiente. E agora, porque não é suficiente? O que muda? As pessoas? As relações entre elas? Será assim tão incompatível a existência de escolhas diferentes na vida? Será assim tão difícil que as pessoas tenham a capacidade de se adaptar? Ou a capacidade de dar oportunidade a si próprias, mesmo antes de dar a oportunidade a outros? Será, no fundo, um vai e vem constante de pessoas, aquelas que entram e saem da nossa vida? Sim, claro que sim, mas porque é que elas saem quando tu não queres que isso aconteça? E ironicamente, quando isso acontece, porque sentes que não fazes um esforço suficiente para o contrariar quando isso se afigura a acontecer? Não sei. E o não saber, que costumava deixar-me ansioso e retraído, aos poucos vai-se esvaindo ele também. Não saber é ter medo. Mas ter medo é sentir. Não saber é dares-te a conhecer um pouco mais, é poderes ter a oportunidade de tentar, querer, ter de saber. E é verdade, não sei onde estarei no futuro. Não sei se a minha partida desta cidade, se um ano fora de casa, fora daquilo que conheço como sendo a minha vida me vai trazer respostas. Ou simplesmente dizer-me que até não são precisas. Tenho medo. Medo de ficar sozinho, de não saber onde irei viver, quem irei encontrar, dos amigos que posso perder aqui. Porque posso. Mas não quero. E tenho que acreditar que não vou perder. Tenho de saber que quem deixo vai também comigo. E pensar que o que pode ter sido, foi. Fica lá como memória, que consegues ver quando fechas os olhos. Que relembras quando passas num determinado sítio. Que até te faz sorrir, mesmo passado tanto tempo após aquela peripécia que passaram juntos. Sentes que fizeram um pouco daquilo que és. E que gostas de todo o encaixe que essas peças fazem no teu dia-a-dia, na tua existência. No teu sentido de viver. No fim, o medo dá lugar à realização. À epifania que te mostra algo de novo a surgir por entre linhas de um livro esquecido, a ganhar pó numa estante. Dá lugar à sabedoria, ao estar preparado. E lugar a que muito mais possa acontecer. Desde que nunca pares. Desde que nunca te deixes abater. Porque no fim, os teus amigos, de coração, vão lá estar sempre.

Monday, July 21, 2008

Arrivederci

"Sabesh qué aqui os Erasmus sao á tua família. Una vesh qui elesh vao imbora tu percebesh qui chégou a hora de venire também. Más fu munto bóm, munto bóm meshmo. Obrigado por tudo, Riccardo, foste un amigo muito importante para mi, obrigado por toda a ajuda. Ci vediamo al prossimo anno!"

Palavras de um amigo italiano, no seu último dia em Coimbra.

Monday, July 7, 2008

Countdown

Acabei de comprar o bilhete de avião Lisboa - Palermo.

22 de Setembro. 10:05h.

:)